segunda-feira, março 19, 2007

Eternidade viva


O cavalo branco galopa na noite e traz a lua enredada nas crina
se de música e de tempo a vir
e a amazona que o cavalga veste de negroe nua, musical e nua,
deixando a sua sombra gravada
na sombra dos espinheiros, coroados de flores e de espinhos,
nos tojos e silvas,e no sono dos que dormem acordados,
e na alma síntese que enche o mundo,brinca com uma estrela
toda feita de pirilampos,
maior que ela e igual à vida,
ao silêncio que vagueia, ensina- que a luz nos olhos dum cego
é uma cegueira maior ainda,
uma cegueira assassina!
... Mas o cavalo branco que galopa na noite já traz a luz duma lua futura.



(António de Navarro in Vértice nº 50 de Setembro de 1947)